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29/04/2014ㅤ Publicado às 12:04

Claude Schnaidt*

Do governo dos homens à administração das coisas, a Arquitetura é um dos elementos utilitários criados para apropriação da Natureza.  Como utensilio que envolve e serve ao homem, só existe por e para o mesmo.  Produto da mão e da mente humana resta objeto da Natureza, fragmento de matéria cujas leis são incontornáveis.  Uma vez criada, a arquitetura mesmo devendo sua existência e seu poder à atividade criativa, como instrumento inicia sua existência com uma vida autônoma, num sentido imaginário, num sentido real.

Criá-la consistiu em destacar o objeto útil da massa indefinida do Universo, dando-lhe uma realidade prática distinta da de outros objetos. Tudo aquilo que estabelece as relações do objeto com seu contexto material, o reintegra na indiferenciação aniquilando-o como eficiente produto humano.  Por exemplo, a ferrugem e a inadequação do dimensionamento da viga metálica causarão sua ruína.  Isolada da Natureza, tendo ganhado uma forma e um nome próprios, relacionando-se com seus congêneres, o objeto se põe a dialogar com o Homem numa linguagem que parece vir do além. Desse modo, a atividade humana produtora de objetos faz-se criadora de ilusões. Sua relação com os objetos criados se desenvolve contraditoriamente. A atividade concretiza-se nos e pelos objetos perdendo-se simultaneamente. Os objetos a supõem, a encarnam, a contêm, mas a dissimulam. O que faz com que o Homem se atém ao mesmo. Fetichismo e alienação acompanham a realização humana.

Como os mísseis, a alienação funciona por vários estágios de acionamento de seus motores.  Com a divisão do trabalho em material e intelectual, o espírito pode liberar-se do real e construir a abstração, desenvolver teorias. As representações elaboradas substituem o conhecimento imediato, frustrando e abusando do mesmo. Tal desenvolvimento não impede a consciência de se imaginar ser outra coisa que não a consciência da prática reinante. Ao contrário, induz ao crime, possibilita as grandes fantasias ideológicas, oriundas de uma realidade, refratada em seguida através das representações existentes, selecionada e admitida pelos grupos sociais dominantes, erigindo-se em totalidade. Tais produtos espirituais mutilados não detêm em si mesmos nenhum poder. Tornam-se deformadores deturpando a linguagem, distorcendo os pensamentos, traduzidos por forma notadamente arquitetônica. Captados e deliberadamente usados pelo poder econômico e político tornam-se acentuadamente opressivos.  Os mestres veem-se obrigados a guardar seus subordinados em subordinação.  Devem vigiá-los, intimidando-os, incitando-os a trabalhar, a fim de consolidar o prestígio dos mestres. Valem-se de violências e teatralidade. Para violência contam com o aparelho de Estado, com as leis, os chefes, os encarregados, as armas ,,,  Para teatralidade, são as ideias, as obras, as festas, os monumentos executados que justificam a dominação.  Donde a profusão de imagens e palavras visando à auto exaltação da classe dirigente, à sua glorificação pelas classes dominadas, à desconsideração e à auto depreciação dos oprimidos.

A arquitetura e suas teorias mostram a que nível de refinamento podem ser levadas práticas mistificantes. Dar a impressão de que não existem perorando imperturbávelmente sob a carga semântica e o código simbólico dos castelos, dos bairrospavilionares e dos planos urbanos, tomando as gentes por atrasadas perpetuando seu apego aos fetichismos.

A relação do homem com seus fetiches é exatamente o que nós, marxistas, denomina-mos alienação. Manifesta-se como apego a si e perda de si; a capacidade do homem se lhe faz estranha subjugando-o e indomável.  Drama que não termina que pela reconquista dos homens de sua própria capacidade, pela supressão dos superfetiches, seja sob forma de mercadoria, do dinheiro, do capital, do Estado.

Marx evidenciou o papel fundamental do trabalho no fenômeno da alienação do Homem, considerando-o como a totalidade de seus atos, a totalidade dos seus feitos. O homem é definido por sua obra. Sendo espoliado, é desumanizado, alienado. Na sociedade capitalista, o trabalhador que cria a mercadoria é espoliado de sua criação, dominado pela mesma. Submetido como uma fatalidade às leis do mercado.

A propriedade privada, o capital representando o trabalho morto ligado ao trabalho vivo, tornando-se força autônoma, força adversa e estranha, esmaga os viventes. É a partir do trabalho, como se efetua na sociedade de classe, que podemos conhecer o processo pelo qual o homem produtor é destituído, coisificado.

O capitalismo não só produz objetos para sujeitos; produz sujeitos para objetos, ajusta a demanda à oferta. O trabalhador consumidor é seduzido pelo sistema, família, escolas, empresas, Estado, em função dos atos a realizar, conforme o lugar que lhe é designado nas relações de produção. O poderio social oriundo da cooperação na cada vez maior intensificação do trabalho é visto como uma ameaça pelos indivíduos. Na medida em que subsiste a divisão social do trabalho, a separação do trabalho manual do intelectual, da cidade e do campo, do produtor e dos meios de produção subsistem as raízes da alienação, Para extirpar tais raízes, os trabalhadores precisam se tornar donos do conjunto do aparelho de produção, decidir sua finalidade, organização da retribuição do trabalho, bem como, as grandes orientações da economia, e progredir rumo ao desaparecimento da divisão social do trabalho. Só assim poderão aceder a uma sociedade na qual os trabalhadores associados entre si são donos de seu destino.

O socialismo, porque conquistá-lo?

A teoria marxista da alienação propõe intensa luta pela autogestão socialista e anuncia claramente seu objetivo essencial: assegurar aos trabalhadores o pleno domínio de sua existência social na produção e em todas as esferas da vida. Nessa luta, os trabalhadores auto educam-se, auto transformam-se, tornam-se aptos a se auto gerirem. Marx pensou com razão que não se pode acomodar com o Estado, pois restará um poder alienante expressando sempre uma desapropriação do homem produtor.  Contudo contornar parece inevitável.  Com o enfraquecimento do Estado começa o surgimento de um novo tipo de Estado, o dos trabalhadores que devem conquistar o poder político para assumir a transformação das estruturas da sociedade. Tal período de transição pode tomar diferentes formas. Pouco importa a qualificação do regime de transição. O principal para que se realize a perspectiva comunista de autogoverno dos trabalhadores associados, reside na criação de órgãos de base assegurando aos trabalhadores a gestão direta dos meios de produção e na tomada do poder efetivo a todos os níveis da vida social.

Sabemos agora que a propriedade coletiva dos meios de produção pode não dar aos trabalhadores o poder nas empresas nem no conjunto da economia. Podemos aferir as consequências de uma revolução proletária que não transforma fundamentalmente as relações de produção. Além do curto período quanto os sovietesobreiros, de camponeses e militares realmente detiveram o poder de decisão nas fábricas, fazendas e bairros, os Soviéticos viram-se submetidos às ordens de direções centralizadas e acorrentadospela divisão social do trabalho.  Seus desejos de compensação às frustrações sofridas são compensados por consumo atraindo cada dia mais ao consumo do mundo capitalista sem nunca atingir o nível do mesmo, estimulando o desapontamento a ponto da catástrofe que não devemos perder de vista a origem: a castração da autogestão socialista.

O absenteísmo, a evasão, mesmo a recusa, de uma parte importante da juventude e crescente da classe obreira são fatos universalmente reconhecidos, Entre as causas múltiplas dessa atitude, podemos detectar uma revolta contra a repartição dos encargos, o trabalho repetitivo e desinteressante, a falta de participação nas decisões do processo de produção. Tal revolta é tanto mais viva que aumenta o nível geral de informação e se aprofunda entre a abertura cultural e o horizonte demarcado do trabalho em questão. William Morris viu isso acertadamente em dizendo: Se o mundo não pode trazer felicidade no trabalho, deve abandonar a esperança de felicidade. Porque o trabalhador não se encontra em seu trabalho dado o fato do trabalho negado como atividade criadora, é uma calamidade, um puro meio de satisfazer necessidades, que do indivíduo são amputadas suas carências criativas ativas não realizando sua soberania senão no não trabalho, ou seja, na satisfação de necessidades passivas, no consumo e na vida doméstica. Daí o drama das atividades do lazer hoje destituídas de sentido que como compensação à monotonia do trabalho e à pobreza das relações humanas no mesmo. Faz-se evidente não ser possível a emancipação do individuo social em seu tempo livre não havendo emancipação na atividade social principal: o trabalho.

O socialismo não tem escolha. Após o fracasso de distintas variantes de social-democracia e de democracia popular, é necessário retornar às fontes e propor como alvo o trabalhador associado aos demais trabalhadores para regular a produção e as trocas, o produtor dominando o processo de produção ao invés de lhe ser subordinado, o homem total da práxis criadora. O socialismo porá fim ao trabalho desumanizado, engendrará outros tipos de consumo, de colaboração social e de desenvolvimento, gerará uma nova civilização, ou não haverá uma tal.

Tudo o tecnicamente possível é desejável e necessário?

Contrariamente às aparências e às ideologias que sustentam as sociedades industrialmente avançadas essas não são determinadas pela técnica, mas por grupos financeiros e tecnocratas que desviam a técnica de sua finalidade, entravando e distorcendo o progresso.  O poder libertário da técnica e do conhecimento perverte-se em força de subserviência. A oposição entre cultura e técnica, entre Homem e máquina, é um traço da alienação do trabalho engendrado pela exploração do homem pelo homem.

O trabalho retalhado, rentabilizado, embrutecedor, e percebido como maldição, com tudo o que daí diretamente decorre – os meios de produção, a técnica, os produtos industrializados – são percebidos como desumanos. Para que isso mude, a empresa não pode continuar sendo um lugar de subserviência; é necessário que a escola não seja um bastião de pura intelectualidade; que os trabalhadores, no seu conjunto, acessem ao conhecimento e ao poder. Quer dizer que a instauração do socialismo auto gestionário é a condição primeira da reincorporação da técnica à cultura, da edificação de um novo humanismo politécnico.

No início do nosso tempo, haveria de 200 a 300 milhões de habitantes sobre nosso planeta, um planeta de dimensões desconhecidas. Somos hoje 6 bilhões. Não há mais terra a descobrir. Enviamos naves ao Cosmos. Manipulamos as partículas invisíveis, O mundo que era imenso, bruscamente tornou-se minúsculo. A humanidade começa a considerar-se como um todo. Ameaçada de um suicídio nuclear ou ecológico, de um genocídio ampliado ao hemisfério Sul descobre que é fatal. Confrontada a seus insucessos existenciais é necessário pensar e agir diferente. Devemos todos fazer tudo que é de nosso alcance fazer?

A bem da verdade, a questão moral do bom uso do conhecimento não é nova. François Rabelais já advertira quando da Renascença:A questão ganhou outra dimensão quando a tragédia assolou o progresso, marcando sua sobrevida. Exatamente quando do lançamento da primeira bomba atômica e o processo criminoso da guerra nazista. Após Hiroshima, Albert Einstein declarou: não se pode fazer não importa o que. Em Nürenberg, as experimentações de médicos dos campos de concentração foram julgadas como crimes contra a humanidade. Não  importa o avanço, qualquer que tenha sido, da ideia de Gorbatchov dando-nos uma esperança anunciando uma nova maneira de pensar,Mas nada resultou por seu pensamento flutuar nas nuvens de uma humanidade indiferenciada, nos corredores de uma casa comumna qual alguns chefes de Estrado estrangeiros sonhavam com reconquistas por defender a perestroika. Isso para lembrar que um novo pensamento que não responde claramente a questão de sua finalidade – o que fazer, com e porque, em qual perspectiva? — não há nenhuma chance de ser viável face ao pensamento do grande capital, que, esse sim sabe para onde vai e o declara  todos os dias sem ambiguidade.

A revelação (cuidadosamente ocultada) da falência do produtivismo é o grande acontecimento do fim do século XX.  O produtivismo não exclui o terceiro-mundo e os países socialistas do Leste europeu,  ele avança suas trincheiras ao limite que a terra pode suportar. Os séculos de nova ordem mundial prometida em 1991 por George Bush e seus comparsas de grandes potencias industriais são impensáveis. Por isso esses senhores desarmam seus mísseis para fazer crer na novidade de sua ordem, mas escondem o outro arsenal que lhes permitiu avassalar o Iraque num abrir e fechar de olhos.

Os vencedores podem sem dúvida se desembaraçar de 4,5 milhões de  maltrapilhos que ameaçam estragar seu festejo. No entanto, supondo que sejam bem sucedidos, quem irá encher as placas de concreto, montar peças e latas de lixo vazias? Novos escravos que, por sua vez, também se revoltarão? Robôs que logo evidenciariam a desigualdade dos homens como completamente obsoletos?

Não há outra saída do que outro desenvolvimento: produzir outra coisa e de outra forma. Isto não é um sonho desde que aqueles que, de uma maneira ou de outra, resistem à bobagem e têm em mente, ainda confusamente, uma outra civilização; são muito numerosos: Niamey em Estocolmo, o urbanismo rural em Cuba, as aldeias da França. Eu vi recentemente os 300.000 camponeses que vieram demonstrar em Paris pela sua sobrevivência. Não eram os fantasmas de uma era passada. Raciocinaram por planejadores que não aceitam como inevitável a gestão capitalista dos recursos em uma França em processo de desertificação. Certamente, eles não chegaram ao final de suas lutas. Mas os tecnocratas do espaço económico europeu, os estrategistas da OCM, os gigantes da agro alimentação que os perseguem não têm mais futuro que seus imitadores do Leste os quais exauriram os campos para nutrir os monstros industriais, enfartar os gansos poloneses e húngaros para captar as divisas dos comedores defois-gràs, levar o Uzbequistão ao desastre com a cultura do algodão.

Muitas páginas da história louvando a expansão industrial e a mundialização do comércio já foram viradas, temo que venham ainda outras tão sangrentas. O livro está por terminar e não terá continuação.  Tem que ser escrito um novo livro começando por: Tudo o tecnicamente possível é desejável e necessário?

Produzir outra coisa e diferentemente para cambiar a vida

Após de dois séculos, a grande indústria e o mercado internacional menosprezaram as particularidades, extirparam as diferenças, uniformizaram o mundo. Em 1917 pensou-se que algo de novo seria construído, mas, gradativamente, o socialismo pôs-se a imitar o capitalismo.  Com atroz resultado. O terceiro-mundo gerara a esperança de um não alinhamento, mas atolou-se em dívidas por força de um crescimento segundo modelo imposto. Hoje está impossibilitado de resgatar suas dívidas e morre de fome. Com sua nova ordem mundial, suas maquinas, seus supermercados e suas forças armadas, o Capital anuncia sua determinação em fazer desaparecer da superfície do planeta tudo o que reste de anormal.

Entretanto, após dois séculos, as particularidades resistem obstinadamente. Passam à ofensiva desde que as circunstancias não lhes sejam por demais desfavoráveis. As hostilidades eclodem aqui e acolá, aumentam e se avivam. A reivindicação de identidade e de soberania que as motivou é muitas vezes marcada por individualismo,  corporativismo, nacionalismo, religiosidades, o que permite à força opressiva e repressiva se valer de ares de progresso e de modernidade. Ora, tão enganador que possa parecer, o futuro da civilização está em mãos dos que se batem pelo direito à diferença. Cada vez que é rejeitado um saber-fazer original, desmantelado uma rede de solidariedade marginal, destruída uma cultura periférica, a humanidade é amputada de uma parte de si mesma, diminuída de sua pluralidade e de sua capacidade de cooperação, da essência de seu sucesso.

Só pode haver modelo universal de desenvolvimento na mente dos imperialistas

O desenvolvimento necessário a ser promovido com toda urgência, é endógeno. Ele surge do foro interior de cada sociedade, definindo soberanamente sua visão ou seu projeto, contando com suas próprias forças. Tirando racionalmente partido de seus próprios recursos e cooperando com as sociedades que comungam seus problemas e aspirações. Isso implica as gentes se organizem para desenvolver o que são por e para si mesmos. Os resistentes à uniformização do mundo e a convocação das massas serão a alavanca desse outro desenvolvimento. Já se reagruparam numa multitude de associações, de partidos, de movimentos, de sindicatos, de cooperativas, de comunidades. Todas essas formações, oriundas de iniciativas de base, são movidas pela mesma vontade das gentes tomarem seu destino em mãos, de escapar da tutela do Estado, de agir fora e contra as leis do mercado. Constituem uma colossal força crescente na medida da nova ordem que se organiza, como pretendido por mais de cem anos. Os opressores querem tudo. Nós não podemos exigir menos. Queremos o mundo na totalidade de suas particularidades.

Agora se batendo heroicamente, aqui em Cuba, por vosso direito à diferença, buscai soluções que sejam vossas,  os exércitos de especialistas do marque Ting, de estilistas e arquitetos que se dedicam a empurrar as gentes para a massa do conformismo, a fazer falar os objetos, a lhes fazer significar outra coisa que não são a fim de  seduzir os compradores, de anestesiar os consumidores e de acrescer os lucros.

Povos inteiros se sublevam por acesso ao grande mercado de bugigangas reluzentes. Em 1992, cento e nove anos após a morte de Marx, fetichismo e alienação prosperam como nunca.  É equivocado no entanto pensar que a mistificação só funcione por violência, embriagues e besteira. Os mestres, os aproveitadores e seus lacaios não podem difundir  ilusões de um golpe de varinha mágica. As ideias – falsas ou verdadeiras – não ganham as consciências senão lançando suas raízes na experiência vivida. Não é porque a Igreja ensine que o Criador combinou, conforme a proporção, o fogo, a terra, a água, o ar para fazer o mundo, que a proporção justa seja um artigo de fé.  Não é porque os teóricos tenham decreta que uma coluna dórica devia ter oito diâmetros de altura que tal regra é indiscutível.

Para confeccionar todos os dias massa e reboco, é preciso respeitar certas proporções. Não é porque a mídia capitalista apregoa cada um para si que as pessoas se concentram quanto a si mesmos. Entre nós esse comportamento é mais gratificante do que a ação coletiva. Eis aí uma falha no processo de alienação que nos indica o que fazer. Se as ilusões lançam raízes na vida real, a melhor maneira de combatê-la é agir sobre a realidade e mudar a vida.  Outras experiências substituirão falsas ideias e estimularão  a busca de ideias mais exatas e eficazes. Outros produtos irão convencer os produtores e os consumidores que é possível fabricá-las, de obtê-las e viver de outra maneira.

Utopia? Talvez, mas em todo caso mais concreto da que consiste a crer que as coisas poderão persistir no estado em que se encontram num mundo onde o desenvolvimento muito problemático de um quarto de seus habitantes tem por corolário a regressão e a falência de todos os outros e, ao fim, o esvaziamento dos recursos naturais – se o apocalipse nuclear não sair do cenário, a vida.  Podem curvar-se ante o peso de dominações e afundar-se na barbárie.  No momento é a segunda possibilidade que domina. Terão consequências inevitáveis que me fazem compartilhar o otimismo de mensagem que um desconhecido afixou no monumento Marx-Engels em Berlim: Da próxima vez faremos melhor. 

O mundo gira. Os homens podem se re-apropriar do poder que criaram por sua atividade social, se associarem e se autogerirem passando à administração das coisas e mudar.

Claude Schnaidt  (* 23. Junho 1931 em Genebra; † 22. Março 2007 em Paris). Militante comunista franco-suíço, arquiteto e teórico da arquitetura, professor de arquitetura, em Paris.

(Texto do capítulo de mesmo título em: Claude Schmidt:  Ce n’est pas fini/No se acabó. Paris/La Habana, École d’architecture Paris-Villemin/lnstituto superior politécnico José Antonio Echeverria 1999, pp. 18-26. Compreende partes de conferencias feitas e artigos publicados sob o título Was ist Architektur? (O que é arquitetura?) em Humboldt-Universität de Berlim em 1988).

Tradução: Frank Svensson

Artigo publicado no blog Frank Svensson, em 14 de abril de 2014.

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