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13/12/2024ㅤ Publicado às 19:31

Encontro Diversidade

As conselheiras Thaise Marcela Nascimento Oliveira Andrade e Érica Bernabé Takanashi representaram o CAU/PR no III Encontro da Diversidade do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, que foi realizado em novembro, na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador. O evento integrou as atividades do mês da Consciência Negra, reunindo acadêmicos, especialistas e conselheiros de diversas regiões do país com o objetivo de promover reflexões sobre racismo estrutural e equidade na arquitetura e urbanismo.

“Em vista da pertinência da pauta e do fato de que pela primeira vez o Dia da Consciência Negra se tornou um feriado nacional, o encontro adotou uma abordagem étnico-racial e foi realizado na cidade mais negra do mundo fora do continente africano”, enfatiza a conselheira do CAU/PR, Érica Bernabé Takanashi.

Um dos destaques foi a mesa de debates sobre racismo estrutural mediada pela conselheira do CAU/SP, Thaís Borges. A conselheira do CAU/RS, Nathália Pedrozo Gomes, arquiteta e urbanista que integra o Coletivo Encruzilhada, abordou a atuação do LAB, iniciativa que discute relações étnico-raciais no contexto urbano. Gomes apontou a escassez de pesquisas acadêmicas sobre o tema. “Em mais de 50 anos, o Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional (Propur) produziu apenas cinco dissertações sobre questões étnico-raciais. Não há nenhuma tese. Somos os primeiros discentes negros do programa, e não há docentes negros”.

“Em 2021, o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Pará aprovou sua primeira dissertação que relaciona planejamento urbano com questões étnico-raciais, evidenciando como desigualdades territoriais ampliam os riscos climáticos e sociais para a população negra e pobre”, destacou a conselheira do CAU/PA, Ana Clara Macedo, que também faz parte do coletivo Quintas Pretas.

Perspectivas no âmbito do CAU

Outro destaque foi o painel “Perspectiva enquanto Conselho”, mediado pelo conselheiro do CAU/AP, Ronaldo Carvalho, que trouxe ações de diferentes estados. A conselheira do CAU/SP,  Melyssa Maila, apresentou iniciativas da Comissão Estadual de Políticas Afirmativas, como a criação de uma Câmara Temática sobre Diversidade e parcerias com instituições como o Museu de Culturas Indígenas e o Afromobi.

A conselheira do CAU/RS, Sherlen Borges, da Comissão Estadual Temporária de Políticas Afirmativas, sugeriu emendas ao Código de Ética e Disciplina do CAU/BR para vedar qualquer forma de preconceito e discriminação, além de incentivar temas sociais em trabalhos acadêmicos. Eliete Alves de Lima, da Comissão Temporária de Políticas Afirmativas (CTPA) do CAU/AC, informou que a UF desenvolveu um questionário de Censo Diagnóstico sobre a atuação de arquitetos e urbanistas no estado, enquanto a conselheira do CAU/RJ, Alyne Fernanda Cardoso Reis, apontou iniciativas relacionadas à raça e assédio no ambiente de trabalho.

Durante a mesa de debates foi enfatizada a importância de uma articulação nacional para a criação de uma Câmara Temática de Diversidade e Inclusão. A coordenadora da CPA-CAU/BR, Josemée Gomes de Lima, destacou a meta de propor a Câmara Temática de Diversidade e Inclusão em 2025, com o objetivo de expandir a política afirmativa nacionalmente.

Troca internacional e laços com a África

A mesa sobre Cidades Africanas reuniu pesquisadores como Rémy Ganga (França-Congo), Kadya Tall (França-Senegal) e Romual Tchibozo (Benin), que discutiram aspectos religiosos, sociais e políticos dos territórios africanos e sua relevância para o urbanismo.

A antropóloga Kadya Tall destacou os cultos tradicionais como agentes de reivindicação social e política. O professor de História da Arte de Benin, Romual Tchibozo, apresentou as arquiteturas simbólicas do país, como a casa do chefe do culto Mami Wata (Mãe das Águas). O diretor da Casa da Nigéria, Misbah Akkani, destacou a contribuição cultural dos ancestrais africanos, exemplificada pelo acarajé.

Encerrando o evento, a palestra magna ”Imaginários Espaciais em Disputa” abordou a memória e a representação afrodiaspórica na arquitetura. O tema foi abordado pelos arquitetos e urbanistas Danielle Santana (IAB-RJ) e Marllon Sevilha.

Dicas de leitura sugeridas durante o evento:

  • Ancestralidade Afro-brasileira: O Omo Ilê Agboulá, um Templo do Culto aos Egum no Brasil
  • Arquitetas Negras: Volume I
  • Arquiteturas dos Quilombos da Bahia: território, natureza, tempo, cultura, etnicidade

O III Encontro da Diversidade do CAU reafirmou o papel da arquitetura e do urbanismo na luta contra desigualdades e na construção de espaços mais inclusivos. “Como representante do CAU/PR neste evento compreendi a necessidade de somarmos esforços ao trabalho que vem sendo desenvolvido pelo CAU/BR e alguns CAU/UFs para ações de políticas afirmativas. Com a grande herança africana existente no Paraná e levando em consideração o racismo estrutural que caracteriza a nossa sociedade, é imprescindível que o CAU, enquanto conjunto autárquico federal, discuta modos de inclusão racial, antirracismo e de respeito à diversidade para um avanço no campo profissional da Arquitetura e Urbanismo. Uma das nossa intenções é reativar a Comissão de Políticas Afirmativas do CAU/PR”, finaliza a conselheira Érica Bernabé Takanashi.

*Com informações do CAU/BR.

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