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05/09/2018ㅤ Publicado às 17:03

Introdução

Em um contexto de desindustrialização no Reino Unido, quando as indústrias tradicionais estavam sendo fechadas pela concorrência asiática, o Departamento de Cultura, Mídia e Esportes (DCMS) divulgou em 1998 um mapeamento da sua Economia Criativa mostrando seu potencial de geração de empregos de alto valor agregado, renda acima da média do mercado, alto valor de exportações, entre outros. As atividades econômicas contempladas nesse relatório tinham a criatividade como principal insumo produtivo e por isso se tornou um marco na conceituação da Economia Criativa e indispensável leitura para os iniciantes no tema.

Na sequência, pesquisadores incorporaram elementos mercadológicos de propriedade intelectual em que marcas, patentes e direitos autorais também auxiliam na transformação da criatividade em produto (John Howkins, 2001) e destacaram o surgimento de uma nova classe de trabalhadores, denominada classe criativa, com grande potencial de contribuição ao desenvolvimento econômico (Richard Florida, 2001). Até então, essa classe criativa era avaliada quase que exclusivamente pelo seu importante papel nas atividades culturais.

Segundo a economista brasileira Lidia Goldenstein (2010), “no Reino Unido, um dos países que mais tem investido na chamada Economia Criativa, a redução de sua estrutura produtiva tradicional com a ampliação da produção na China e na Índia foi ‘compensada’ pela geração de empregos e pela capacidade de exportação deste conjunto de setores criativos que, depois do mercado financeiro, é o maior do país e atualmente o que mais cresce. São setores dinâmicos, que têm mais capacidade de criar empregos, principalmente entre os jovens, e que, se bem articulados e apoiados, tornam-se propulsores de inovação e da ampliação da capacidade produtiva do conjunto da economia nacional”.

Inspirados nos trabalhos britânicos, diversos países e pesquisadores iniciaram levantamentos e mapeamentos, bem como a identificação de políticas públicas – novos marcos regulatórios, modernização burocrática, parcerias público-privadas, incentivos fiscais, zoneamentos urbanos apropriados, mobilidade, infraestrutura de conectividade, etc. – e ações privadas capazes de estimular o desenvolvimento dos segmentos econômicos criativos.

Após uma década de experiências realizadas em diversos lugares do mundo, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD publicou em 2008 o primeiro estudo de abrangência internacional sobre o tema com enfoque nas trocas comerciais, mostrando que as exportações mundiais dos segmentos criativos já superavam US$ 500 bilhões.

As informações desse estudo oficial foram vitais principalmente aos agentes públicos de diferentes países, regiões e cidades de todo o mundo para que pudessem entender a dinâmica da Economia Criativa e o potencial de seu impacto na economia como um todo. E também contribuíram para acelerar a identificação de novos instrumentos de apoio ao seu desenvolvimento.

Além das grandes cidades que avançaram rapidamente nesta área em função de uma infraestrutura apropriada existente e milhares de recursos humanos talentosos e criativos – Londres, Nova Iorque, Paris, etc., alguns projetos icônicos das cidades de Barcelona, Montreal, Berlim, entre outros, também começaram a incorporar ambientes urbanos específicos para abrigar adequadamente empreendimentos desta nova economia.

Assim sendo, a expansão da Economia Criativa passou cada vez mais a estar também ligada à dinâmica econômica dos territórios e ao desenvolvimento econômico regional e local.

Michael Porter, professor e pesquisador americano e mundialmente reconhecido pelos seus trabalhos sobre globalização, territórios e competitividade, defende que, “numa economia globalizada, a combinação de vantagens locacionais é fator ainda mais crucial”. Ou seja, considerados os segmentos criativos, pode-se concluir que eles são um caminho bastante promissor para que empresas e regiões possam fugir da produção de commodities que apresentam baixo valor agregado e poder competitivo desfavorável.

Conceitos e definições

Existem diversas definições de Economia Criativa, mais ou menos acadêmicas e mais ou menos abrangentes. Para fins deste capítulo, escolhemos algumas consideradas relevantes e complementares:

O Departamento de Cultura, Mídia e Esportes (DCMS) britânico, cujo relatório foi citado anteriormente, considera Economia Criativa aquela em que “as atividades têm sua origem na criatividade, na perícia e no talento individual e que possuem um potencial para criação de riqueza e empregos através da geração e da exploração de propriedade intelectual”.

De uma forma mais oficial, complexa e abrangente, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) defende que “Economia Criativa é um dos setores mais dinâmicos do comércio internacional, gera crescimento, empregos, divisas, inclusão social e desenvolvimento humano. É o ciclo que engloba a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam o conhecimento, a criatividade e o ativo intelectual como principais recursos produtivos”.

A UNESCO trabalha com o conceito de Economia da Cultura, que engloba atividades relacionadas “à criação, produção e comercialização de conteúdos que são intangíveis e culturais em sua natureza e que estão protegidos pelo direito autoral e podem tomar a forma de bens e serviços. São intensivos em trabalho e conhecimento, estimulam a criatividade e incentivam a inovação dos processos de produção e comercialização.”

Para Lidia Goldenstein, “a Economia Criativa é um conceito muito mais amplo, que engloba os produtos e serviços culturais, a indústria do entretenimento, a chamada alta cultura e a cultura popular.”

Já a consultora Adriana Dias, especialista carioca, defende que a “Economia Criativa é o conjunto de setores ligados à criatividade e novas tecnologias, e são esses setores que hoje, no mundo atual, são fundamentais para se obter diferenciais de competitividade”.

Na verdade, todos esses conceitos não são excludentes e nos ajudam a entender uma nova dinâmica que se impõe às economias, ou seja, em quase todas as definições encontramos segmentos competitivos e geradores de lucro, empreendedores inovadores, alta tecnologia, conhecimento formal e informal, sendo esses as bases do capital intangível da Economia Criativa.

Criatividade e inovação

No âmbito dos economistas, infelizmente ainda não existem muitos trabalhos demonstrando os diferentes significados de criatividade e inovação. A clara distinção entre esses dois conceitos é muito importante principalmente quando precisamos, por exemplo, criar indicadores de monitoramento e de resultados econômicos de desenvolvimento ou definir políticas públicas específicas.

Joseph Schumpeter (1883-1950), famoso economista austríaco, foi precursor dos estudos que demonstraram os impactos das inovações tecnológicas na produtividade da economia e os ganhos decorrentes na competitividade dos negócios. Para Schumpeter, o agente das mudanças radicais na economia é o empresário inovador, que com seu ato empreendedor causa ‘destruições criadoras’ no sistema econômico, fazendo com que ele saia da posição de equilíbrio.

Diversos economistas, chamados neoschumpeterianos, tais como Christopher Freeman, Carlota Pérez, Nathan Rosenberg, Richard Nelson e Giovanni Dosi, continuam aprofundando as pesquisas de Schumpeter, mas desconhecemos se algum deles incorporou distinções específicas entre inovação e criatividade nos seus estudos.

Theodore Levitt (1925-2006), economista alemão radicado nos EUA, e que ficou famoso pelas suas pesquisas na área de marketing, apresenta definições interessantes sobre os conceitos de criatividade e inovação.

Ele coloca a criatividade na esfera das ideias e a inovação no fazer, realizar, sendo as duas umbilicalmente ligadas:

“A criatividade é pensar coisas novas. A inovação é fazer coisas novas.” (1981)

E, quando ele utiliza as duas definições no contexto da economia americana, as diferenças e complementariedades são ainda mais claras:

“Não há falta de pessoas criativas nos negócios dos EUA. A falta que existe é de inovadores. Demasiadas vezes as pessoas acreditam que a criatividade conduz a inovação. Não é verdade.” (1981)

Nessa frase, tal como J. Schumpeter, T. Levitt destaca o papel essencial dos empreendedores inovadores como os reais agentes implementadores das mudanças nos processos produtivos e na geração de negócios mais competitivos.

Assim sendo, devemos concluir que a classe criativa poderá ter mais sucesso nos negócios na medida em que estabeleça parceria com empreendedores inovadores para levar avante mais rapidamente seus empreendimentos criativos.

Segmentos da Economia Criativa

Os segmentos da Economia Criativa são quase totalmente classificados no setor de serviços de alto valor agregado, os quais requerem pessoas talentosas e criativas, empreendedores inovadores e alta tecnologia de suporte.

Os segmentos mais relevantes do núcleo central da Economia Criativa, que são encontrados na maioria dos estudos, são os seguintes, por ordem alfabética:

  • Audiovisual (produção, desenvolvimento de conteúdo, edição, fotografia, programação, transmissão, distribuição e exibição);
  • Arquitetura (design e projetos de edificações, paisagens e ambientes, planejamento e conservação);
  • Artes Cênicas (criação artística, produção e direção de espetáculos teatrais e de dança);
  • Design (design gráfico, de multimídia e de móveis);
  • Editorial (edição de livros, jornais, revistas e conteúdo digital);
  • Expressões Culturais (criação de artesanato, museus, bibliotecas, folclore);
  • Moda (desenho de roupas, calçados e acessórios);
  • Música (gravação, edição e mixagem de som, criação e interpretação musical);
  • Publicidade (publicidade, marketing, pesquisa de mercado e organização de eventos);
  • Patrimônio e Artes (serviços culturais, ensino superior de artes, gastronomia, museologia e produção cultural);
  • Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC (desenvolvimento de software, sistemas, consultoria em TI e robótica).

No desenvolvimento de um game, por exemplo, são necessários os seguintes principais elementos: tecnologia, design gráfico e uma história ou enredo. E todos eles são dependentes de muito conhecimento e talentos criativos.

Do ponto de vista econômico, deve-se ressaltar que cada um dos segmentos citados acima engloba um conjunto de atividades, e todos eles referem-se somente à ponta do iceberg criativo, ou seja, existem diversas cadeias produtivas de suprimentos relacionadas e fornecedoras de insumos a este núcleo. Além desses fornecedores, outras atividades de apoio também oferecem bens e serviços de forma indireta ao núcleo central.

Uma das dificuldades de mapeamento e quantificação da Economia Criativa encontra-se nas fontes estatísticas, pois na sua maioria ainda são baseadas nos setores econômicos tradicionais da indústria, serviço e comércio. Ou seja, os institutos oficiais de estatística da maioria dos países ainda não estão preparados para fornecer dados com estes novos recortes econômicos.

Além disso, outra dificuldade da mensuração da Economia Criativa, em todo o mundo, repousa na grande proporção de informalidade dos negócios desses segmentos, especialmente nos empreendimentos nascentes e de pequeno porte.

Economia Criativa no Brasil

No Brasil, o primeiro mapeamento foi realizado em 2008 pelo Sistema Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) com o título ‘A Cadeia da Indústria Criativa no Brasil’, o qual foi atualizado e aperfeiçoado em 2011.

A quinta edição do mapeamento (2013 – 2015), ainda mais detalhado, que pode ser encontrada no link www.firjan.com.br/economiacriativa, aponta o crescimento do número de profissionais criativos do mercado formal de trabalho mesmo neste período de crise. São 850 mil profissionais criativos que atuavam nas empresas criativas (20%) e tradicionais (80%) e que aumentaram sua participação relativa no mercado de trabalho como um todo. (Notamos, entretanto, que – diferente da nossa concepção – a FIRJAN também inclui nos segmentos criativos do núcleo central a Biotecnologia e a Pesquisa e Desenvolvimento.)

Os profissionais criativos contavam com um salário médio de R$ 6.270,00, mais de duas vezes e meia a remuneração média de todos os empregados formais brasileiros (R$ 2.451,00). Isso devido à alta qualificação e à especificidade do trabalho, já que a área demanda profissionais com grau de formação e especialização cada vez mais elevado.

O estudo da FIRJAN também mostrou que os segmentos da Economia Criativa contam com 239 mil estabelecimentos formais. E que a participação do PIB criativo estimado no PIB brasileiro cresceu de 2,56% para 2,64% nesse período (2013-2015). Como resultado, segundo a FIRJAN, a área criativa gerou uma riqueza de R$ 155,6 bilhões para a economia brasileira em 2015, valor equivalente à soma dos valores de mercado das marcas Facebook, Zara e L’Oréal reunidas.

Os estudos de impacto econômico da Economia Criativa brasileira, considerado o núcleo central, os setores relacionados e de apoio – ou seja, toda a cadeia produtiva – ainda necessitam de aprofundamento, tanto em termos de geração de empregos quanto em valor da produção e percentual sobre o PIB.

Além disso, conforme afirmação da então Ministra da Cultura, Ana de Hollanda, no documento de apresentação do Plano da Secretaria da Economia Criativa, criada em 2011, no âmbito daquela pasta, a posição do nosso país no mercado global era a seguinte:

Apesar de ser reconhecido pela sua diversidade cultural e potencial criativo, o Brasil não figura nas pesquisas internacionais entre os 10 primeiros países em desenvolvimento, produtores e exportadores de bens e serviços criativos”.

Ou seja, os nossos produtos e serviços criativos precisam ocupar cada vez mais espaços no mercado internacional visando ampliar significativamente a sua participação no Produto Nacional Bruto (PNB) e com isso contribuir efetivamente para elevar o nível de renda da economia e da sociedade como um todo.

No ano de 2011, a Fundação do Desenvolvimento Administrativo (FUNDAP) do Município de São Paulo publicou um exaustivo estudo denominado “Economia Criativa na Cidade de São Paulo: Diagnóstico e Potencialidade”. Demonstrou, por exemplo, que em 2009 a Economia Criativa já era responsável por 3% de todo o emprego formal da cidade e sua dinâmica de desenvolvimento era mais acelerada do que a dos demais setores. Uma das consultoras desse trabalho foi a economista Lidia Goldenstein, especialista no assunto.

A maior riqueza desse estudo foi demonstrar que as atividades criativas podem ser desenvolvidas não apenas nas tradicionais regiões da cidade, mas também em distritos (bairros) mais distantes, que apresentam maior carência de postos de trabalho e oportunidades. Ou seja, o potencial de capilaridade da Economia Criativa é fundamental para complementar as políticas de revitalização urbana. Aliás, isso vem ocorrendo em inúmeras cidades em todo o mundo nos últimos anos, tais como Medellín, Buenos Aires e Lisboa.

Finalmente, o estudo conclui com um conjunto de propostas de ações de estímulo ao desenvolvimento da Economia Criativa no Município de São Paulo, inspiradas em experiências internacionais de sucesso, de países desenvolvidos ou em desenvolvimento.

O “Mapeamento das Indústrias Criativas do Rio Grande do Sul” foi realizado em 2012, como resultado de uma parceria da Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE) e a Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção da Inovação (AGDI). A novidade desse estudo foi utilizar dados fiscais como aproximação para identificar o impacto deste setor em termos de geração de produção. Um dos consultores desse trabalho foi o economista pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Professor Leandro Valiati.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio SP) divulgou em 2012 o Índice de Criatividade das Cidades. O indicador tem como objetivo fornecer informações relevantes para a adoção de medidas públicas, focadas na criatividade, capazes de gerar avanços efetivos no nível de competitividade e na economia dos municípios. Esse trabalho recebeu a consultoria da economista e especialista no tema Ana Carla da Fonseca.

Para chegar ao índice, foram considerados fatores econômicos, sociais e de potencial criativo das 50 maiores cidades do país ao longo de 2011, com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). O ranking das cidades e respectivos índices encontram-se disponíveis na Internet e nas referências bibliográficas ao final deste texto.

Interessante notar que esse indicador confirma que as cidades com melhores condições socioeconômicas têm maior potencial para atrair e reter talentos criativos. Por outro lado, algumas cidades com grande potencial criativo entre as pesquisadas não estão aproveitando plenamente suas características para alavancar o desenvolvimento econômico ou gerar melhorias em qualidade de vida e benefícios para sociedade.

Em outubro de 2015, a Agência Curitiba de Desenvolvimento (ACD), em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), elaboraram o primeiro mapeamento da Economia Criativa na cidade de Curitiba. O resultado encontrado em termos do número total de estabelecimentos formais foi de 22.009 (quinta posição entre as capitais), distribuídos em todos os bairros da cidade, tais como, Centro – 2.510, Água Verde – 1.111, Portão – 730, Boqueirão – 700, Batel – 673, Cajuru – 634, etc. Utilizando essa mesma metodologia, a cidade de São Paulo contava com um total de 162.400 estabelecimentos, Rio de Janeiro – 61.588, Belo Horizonte – 25.330, Porto Alegre –20.491, Brasília –20.482, etc.

Em 2013 o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) realizou, com base em metodologia diversa, uma pesquisa na qual identificou cerca de 22 mil trabalhadores formais empregados nas empresas criativas em Curitiba, sendo 3.800 da classe criativa. O salario médio dos profissionais criativos do mercado formal de trabalho da cidade foi de R$ 3,6 mil (2013), contra um valor médio de todos os setores econômicos de R$ 2,8 mil (2014).

A velha e a nova economia

Economias Criativa, Colaborativa, Sustentável, Inovadora, do Conhecimento, Solidária, etc. são inúmeros novos conceitos que apareceram nas últimas décadas gerando muita confusão no universo acadêmico e público em geral. Na verdade, são novas formas de produção e ralações de trabalho ainda não abrangidas e estabilizadas e que podem inclusive ser complementares.

Todas elas, no entanto, estão nascendo para substituir a chamada Velha Economia que aos poucos vai desaparecendo com suas características principais: a firma, o escritório presencial, a hierarquia, o comando e controle, a posse, o gênio solitário, o plano de negócios, a concorrência entre produtos, o empréstimo e a consultoria tradicionais, o planejamento baseado na SWOT Analysis, etc. Tudo isso pode ser representado pela icônica chaminé do modelo industrial poluente e incompatível com centros urbanos modernos e cultura atual.

A Nova Economia, pela qual a Economia Criativa é nutrida, se abastece de ingredientes totalmente diferentes daqueles do passado. Hoje cada vez mais se destacam as startups que devem ter um claro propósito de existência, as Aceleradoras que auxiliam na experimentação dos novos produtos e serviços, os Anjos investidores, os diversos modelos de Crowdfunding para alavancar recursos financeiros, o planejamento baseado em Canvas, os espaços colaborativos de Coworking, espaços coletivos de produção e venda em geral, as avaliações pelo Minimum viable product (Mvp), a concorrência entre modelos de negócios, as equipes multifuncionais, os dados nas Nuvens, os trabalhos em rede, o empoderamento das lideranças empreendedoras e de todos os colaboradores, a conectividade e o trabalho virtual, a valorização do empreendedorismo feminino, etc.

Esses novos empreendimentos apontam para modelos de colaboração, parcerias, associações e sinergias as mais diversas entre empresas, visando gerar um novo negócio que aproveita as competências de cada uma delas.

A Nova Economia também desperta cada vez mais uma nova geração de jovens empreendedores e consumidores para o consumo consciente e a preservação ambiental.

Transbordamentos da Economia Criativa

Apesar das evidentes vantagens competitivas dos segmentos criativos, não existem dicotomias entre eles e os demais setores da economia. A esse respeito Lidia Goldenstein defende uma tese interessante, com a qual concordamos: “a vitalidade da Economia Criativa de um país estimula a criatividade e a capacidade de inovação na economia como um todo. Mas esse forte vínculo depende dos mecanismos de transmissão adequados para encorajar a conectividade e transportabilidade da Economia Criativa para o resto da economia”. E não existem receitas prontas para se construir esses mecanismos de transmissão. Cada país ou região experimenta seus caminhos com diferentes políticas e instrumentos de desenvolvimento.

A Economia Criativa fortalece as empresas de outros segmentos – indústria, serviços e agroindústria em geral – por meio de investimentos em intangíveis (pesquisa e desenvolvimento, sistemas organizacionais, software, design, marca, capital humano), que passam a ter maior capacidade de criatividade e inovação em novos produtos, processos, serviços, sistemas, etc.

Portanto, conclui ela, o desafio das cidades, regiões e países não é só encorajar o desenvolvimento das empresas criativas, mas também encorajar todos os demais empreendimentos a se tornarem criativos.

Por isso, também devemos rever a antiga concepção hierárquica e linear da inovação segundo a qual “uma elite de ciências nas universidades e nos laboratórios das grandes corporações gerava fluxo de invenções e de tecnologia que eram comercializadas. Se a inovação não ocorresse, ou ocorresse de forma insuficiente, a culpa era da universidade, dos laboratórios de pesquisa e das empresas que investiam pouco. Agora a chave para a inovação não está restrita à Pesquisa & Desenvolvimento, e as habilidades (high skills) estão mais difusas. Espera-se que a força de trabalho participe, experimente, ofereça sugestões de como melhorar os processos de produção e não apenas aplique a informação em sequência mecânica.”

Assim sendo, a criatividade de todos os trabalhadores, consumidores e empreendedores é essencial para a geração de inovações e o aumento da competitividade dos negócios.

Ela ilustra sua tese utilizando o setor têxtil tradicional que pode ganhar alto valor agregado com a incorporação de design (capital intelectual) nos produtos, processos ou nos materiais e ganhar capacidade de exportação, atração de investimentos, geração de empregos e sobreviver à forte concorrência internacional. Isso vale também para o setor calçadista e outros setores tradicionais da economia.

Os segmentos criativos também têm uma relação orgânica com o setor cultural nas suas mais diversas manifestações popular e clássica: artes plásticas, design, cinema, fotografia, teatro, dança, música e outras. E, portanto, cada vez mais o sucesso de uma economia depende do sucesso da Economia Criativa que, por sua vez, depende do sucesso do setor cultural.

As sociedades que apresentam níveis educacionais altos – talentos e habilidades – têm mais chances de empreender negócios inovadores e criativos. Assim sendo, o papel dos governos em assegurar educação para todos e de qualidade é cada vez mais importante. O crescimento econômico está sendo liderado pela produção baseada no conhecimento, ideias e informação: ativos intangíveis que impõem uma nova agenda aos poderes públicos e perfis distintos aos empreendedores da Nova Economia. Um papel importante também está reservado aos institutos de pesquisa e às universidades com suas competências em tecnologia e inovações em geral.

Nesse novo contexto, as parcerias público-privadas são cada vez mais necessárias para assegurar a rentabilidade dos negócios em moldes diferentes daqueles do passado. E os governos têm papel central no desenvolvimento da Economia Criativa não somente pelo seu papel regulatório (propriedade intelectual, por exemplo), mas principalmente pelo seu envolvimento em todo o sistema educacional e cultural.

Por isso, nos países que estão implementando programas e projetos transformadores nos segmentos da Economia Criativa existem agendas públicas e privadas – locais, regionais e centrais – com instrumentos específicos e complementares que sustentam novas estratégias de desenvolvimento.

Um destaque especial às políticas das grandes cidades com novas definições de zoneamentos, design urbano, fortalecimento de centros culturais, galerias de arte, bibliotecas, salas de cinema, infraestrutura de conectividade, mobilidade, qualidade de vida, entre outras.

Projetos implantados nos últimos anos na China, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Barcelona, Berlim, Lisboa, Medellín, Buenos Aires e tantos outros locais, sempre contando também com a participação de investimentos privados, estão inspirando cidades e países de todo o mundo. E o Brasil, suas regiões e cidades, ainda precisam aprender muito com todos eles!

Referências

FECOMERCIO. Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo. Índice de Criatividade das Cidades. São Paulo: FECOMERCIO, 2012.

FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA Siegfried Emanuel Heuser. Mapeamento das Indústrias Criativas do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: FEE/AGDI, 2012.

GOVERNO FEDERAL. Ministério da Cultura. Plano da Secretaria de Economia Criativa: Políticas, diretrizes e ações 2011 -2014. Brasília, Ministério da Cultura, 2011.

ONU, UNCTAD. Creative economy report 2008 – creative economy: a feasible development option. UN, 2008

REINO UNIDO. DCMS. Communications and telecoms media and creative industries: Creative Industries Mapping Documents. Londres, 1998.

SÃO PAULO. Fundação do Desenvolvimento Administrativo. Economia Criativa na Cidade de São Paulo: Diagnóstico e Potencialidade. São Paulo: FUNDAP, 2011.

SISTEMA FIRJAN. Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil. Rio de Janeiro: FIRJAN, 2011. p.12-15.

UNESCO. Plano Creative Economy Report 2013: Special Edition. Paris: UNESCO, 2013

Livros, teses, artigos e relatórios de economistas especialmente sobre inovação e economia criativa citados ao longo deste capítulo, entre outros: John Howkins, Richard Florida, Lidia Goldenstein, Michael Porter, Adriana Dias, Joseph Schumpeter, Christopher Freeman, Carlota Perez, Nathan Rosenberg, Richard Nelson, Giovanni Dosi, Theodore Levitt, Leandro Valiati e Ana Carla da Fonseca.

* Gina Gulineli Paladino: Assessora de Planejamento e Gestão Estratégica do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná – CAU/PR. Formada pela Universidade Federal do Paraná – UFPR, com cursos de extensão, especialização e mestrado no Brasil, França, Japão e Suíça. Histórico profissional focado no planejamento e gestão de programas e projetos nas áreas de tecnologia, inovação, indústria, empreendedorismo, cooperação universidade/empresa e economia criativa. Trabalhou nos setores privados e públicos nas esferas federal, estadual e municipal. Foi professora e exerceu as funções de Coordenadora de Ciência e Tecnologia no Governo do Estado do Paraná; Diretora da Incubadora Tecnológica do TECPAR-PR; Diretora do Instituto Euvaldo Lodi Nacional na Confederação Nacional da Indústria – CNI, em Brasília; assessora da presidência da Federação das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP; Superintendente da Agência Brasileira de Inovação – FINEP do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI, no Rio de Janeiro, e Presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, da Prefeitura Municipal de Curitiba – PMC, entre outras. Atualmente é palestrante, professora da FAE, conselheira titular do Conselho Regional de Economia do Paraná – CORECONPR, e participa do Grupo Mulheres do Brasil, Comitê Paraná, como colíder no tema Empreendedorismo Feminino.

 

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